18 dezembro, 2019

Os anos passam... felizmente !!!

Reli parte de minhas postagens antigas. Mal me reconheço naqueles posts. Ah, juventude. Amo a estupidez da juventude. Rs ... Muita energia, muita intensidade, muito barulho por NADA... kkk. Por esse motivo alterei o nome do Blog. A essência mudou. Não mais me representa. Se hoje sou uma versão ao avesso da juventude, vamos manter o nome ao avesso. Posso dizer que a minha forma de pensar mudou 100%. Será que ao longo da vida somos várias versões de uma mesma pessoa !? Admiro tanto a sapiência dos mais velhos. A calma, a perspicácia, aquele olhar deles quando fazemos merda e com o sorriso maroto no canto dos olhos eles dizem: "eu sabia que ia dar merda".

Bio

Como tudo começou ... Quase duas décadas atrás, estava na faculdade. Assisti a uma palestra sobre Imigração para Quebec - CANADA. Não me recordo o que me chamou a atenção, mas surgiu o interesse, tomei conhecimento daquela possibilidade que nunca havia cogitado. Naquele dia foi plantado uma sementinha. Eu nunca fui uma criança tradicional. Na época de escola com certeza fazia parte do grupo dos "weird", senão dos nerds. Tímida, séria, inteligente, insegura e esquisita. Nunca fui de planejar o futuro, sem objetivos, metas e senhos a longo prazo. Ainda criança, algumas de minhas primas já sabiam o que fariam quando crescessem. Quando adolescente, algumas amigas já haviam decidido como seria o vestido de noiva, quantos filhos e o nome de cada um, só faltava o marido! WTF! Deixando a vida me levar, um passo de cada vez, talvez mais lentos do que deveria, deixei a maré levar. E sempre foi assim, as coisas foram fluindo e acontecendo. Quase sem querer fiz o ensino técnico, no qual aprendi minha profissão. Como não tinha dinheiro para bancar sua faculdade de dia , fiz um curso a noite, pois teria que trabalhar para pagá-lo. De fato, não escolhi o curso que almejava, escolhi o que convinha. Na época fazia estagio num órgão publico. Fui orientada a não largar aquele estágio, se conseguisse uma vaga no funcionalismo publico, meu emprego estaria garantido. Naquela época era difícil arrumar estágio, para mulher na minha área então nem se fala. Foram longos anos ali, ate que o Brasil, sendo Brasil, na hora de me efetivar deu um quiprocó danado e lá se foi minha vaguinha. Após alguns dias consegui outro estágio no qual esse se concretizou e virou meu primeiro emprego. Aprendi muito mas ganhava muito mal. Nesse meio tempo conclui a faculdade. Detalhe, durante o período nunca tive dinheiro suficiente para pagar uma mensalidade. O paitrocinio foi do inicio ao fim, poderia ter feito o curso que queria. Passaram 5 anos e a dedicação já não era a mesma. Fui disponibilizada no mercado de trabalho. Não fiquei por muito tempo. Fui trabalhar diretamente no concorrente. Foi uma das épocas mais divertidas da minha vida. Foram 3 anos fantásticos. Trabalhava muito, o salário era ruim, mas os colegas de trabalhos eram fantásticos. Como precisava de dinheiro e não tinha como prosperar na empresa, acabei saindo. Fui para outra empresa e conheci um mundo novo. O mundo dos geeks. Trabalhava no porão de um casarão , com pessoas muito inteligentes. O ambiente é determinante. Fiz alguns cursos e pós graduação para crescer. Antes de finalizar mudei novamente de empresa. Cheguei com um salario razoável e nele permaneci, as pessoas não eram as mais inteligente, os colegas de trabalho não eram fantásticos, mas o salário dava para fazer o pé de meia. Novamente Brasil sendo Brasil, crise econômica, time que está ganhando não se mexe. Mas o time trocou de técnico e numa jogada da diretoria eu troquei de time. Fui para outra empresa com o mesmo trabalho da anterior, pode isso Arnaldo ? Pode sim senhor. Pela primeira vez em uma empresa grande e de nome. Com um emprego melhor e fazendo o pé de meia conheci o amor da minha vida, juntamos os paninhos e fomos morar juntos. Diferentemente dos amigos, os filhos não vieram, só os de 4 patas. E a cada ano junto, crescendo e nos fortalecendo como marido, mulher, amigo, amiga, casal, família. O dinheiro do pé de meia foi esvaziando e Brasil sendo Brasil novamente deu golpes. Eu sentia necessidade de mudar de ares, mas a coisa não estava fácil e o dinheiro do meu trabalho nunca falhou. E a cada golpe que a vida nos dava nos remanejamos. Analisando as oportunidades, aquela sementinha plantada lá trás começou a brotar. Foram meses pesquisando, analisando, sofrendo e chorando. Dúvidas, culpas , receios, medo. Até então, quase que sincronizadamente , numa diferença de 40 dias perdemos nossos empregos. Teriamos que recomeçar. Arriscar ou não arriscar. Sair da zona de conforto ? Conforto ? Existe segurança aqui ? Existem garantias? E os meus , e as minhas coisas ? Como ficarão? Como faremos ? Iremos ? Quando iremos ? Mas? E se ? Muitos if's ... Muitas noites sem dormir, receios, muitas orações pedindo uma luz, implorando por um sinal, muitas lágrimas. Ainda na dúvida do que fazer decidi dar um passo de cada vez. Caso algo falhasse, seria um sinal que o caminho não era por ali. E passo a passo, as coisas foram fluindo, conseguimos o dinheiro, conseguimos o visto, as passagens, com quem deixar os filhos, a casa, a nova moradia, o curso de inglês.. Desde o dia que havia tomado a decisão de partir eu me despedia de cada detalhe da minha vida no Brasil, mesmo com a data marcada para partir, tinha dias que eu queria esquecer que partiria, só queria aproveitar cada momento com os meus, com a minhas coisas , mas não houve um sequer dia que eu não visse nada relacionado ao Canadá. Acho que dificilmente conseguiria fazer isso sozinha, o amor da minha vida foi o meu guia na realização deste sonho e empreitada.

17 dezembro, 2019

Exterior

Encontrei esse texto num dos grupos de Brasileiros no Exterior. Não sei a fonte, mas me identifico. QUANDO A GENTE RESOLVE IR EMBORA PARA OUTRO LUGAR. "A gente perde o nascimento dos sobrinhos, a gente perde de ver a turma de amigos aumentando com a chegada dos filhos, não estamos presentes nos casamentos dos melhores amigos e morremos de catapora quando vemos todo mundo junto comendo brigadeiro nas festinhas dos filhos. Dói e muito não estar ao lado dos amigos quando o pior acontece: divórcio, morte, depressão, demissão, perrengue. Perdemos pessoas amadas sem termos a chance de nos despedirmos pela última vez, simplesmente porque é inviável financeiramente subir em um avião para dar o último adeus, para consolar quem ficou. Choramos por dentro e de longe, muito longe. E a vida segue: vemos os sobrinhos crescendo pela câmera, pelas fotos sem movimentos, sem voz postadas no facebook, tentamos imaginar como foi aquele momento. E jamais adivinharemos. Avôs se transformam em uma tela de computador ou de celular. Não tem beijo, abraço, só vontade de apertar e de abraçar quem está longe mas sempre perto no coração. Ninguém vai contar a gente nas festas de família. Ninguém vai precisar se preocupar em preparar aquela sobremesa que você tanto gosta e talvez nunca mais experimente de novo. Você não sabe quando e se reencontrará novamente pessoas que você ama profundamente. A sua família se transforma nos seus novos amigos. Eles estão mais presentes na sua vida do que qualquer parente de sangue. Porque são eles que vivem o dia a dia com você aqui, que te socorrem, que fazem você se sentir mais em casa e menos estrangeiro. Você vai ter filhos que demorarão anos para conhecerem a sua família. Se um dia conhecerem, tem gente que nunca mais volta. Se voltar, você vai precisar ser tradutor/intérprete dos seus filhos. Pagamos um preço bem alto para estarmos aqui. Abrimos mão de muita coisa que a maioria das pessoas jamais seriam capaz sem perder junto o equilíbrio, a sanidade e o juízo. Tem gente que enlouquece. É difícil ir embora, começar do zero, transformar um apê vazio em lar. Só quem tem coragem de ir embora sabe que as escolhas mais valiosas que você pode fazer na vida, são as mais caras. “