16 setembro, 2003

Quase ...

Quase...

Ainda pior que a convic�‹o do n‹o e a incerteza do talvez Ž a desilus‹ode um quase. ƒ o quase que me incomoda, que me entristece, que me mata trazendo tudo que poderia ter sido e n‹o foi. Quem quase ganhou ainda joga, quem quase passou ainda estuda, quem quase morreu est‡ vivo, quem quase amou n‹o amou.

Basta pensar nas oportunidades que escaparam pelos dedos, nas chances que se perdem por medo, nas idŽias que nunca sair‹o do papel por essa maldita mania de viver no outono. Pergunto-me, ˆs vezes, o que nos leva a escolher uma vida morna; ou
melhor n‹o me pergunto, contesto. A resposta eu sei de cor, est‡ estampada na dist‰ncia e frieza dos sorrisos, na frouxid‹o dos abra�os, na indiferen�a dos "Bom dia", quase que sussurrados.

A paix‹o queima, o amor enlouquece, o desejo trai. Talvez esses fossem bons motivos para decidir entre a alegria e a dor, sentir o nada, mas n‹o s‹o. Se a virtude estivesse mesmo no meio termo, o mar n‹o teria ondas, os dias seriam nublados e o arco-’ris em tons de cinza. O nada n‹o ilumina, n‹o inspira, n‹o aflige nem acalma, apenas amplia o vazio que cada um
traz dentro de si. N‹o Ž que fŽ mova montanhas, nem que todas as estrelas estejam ao alcance, para as coisas que n‹o podem ser mudadas resta-nos somente paci�ncia porŽm, preferir a derrota prŽvia ˆ dœvida da vit—ria Ž desperdi�ar a oportunidade de merecer.

Pros erros h‡ perd‹o; pros fracassos, chance; pros amores imposs’veis, tempo. De nada adianta cercar um cora�‹o vazio ou economizar alma. Um romance cujo fim Ž instant‰neo ou indolor n‹o Ž romance. N‹o deixe que a saudade sufoque, que a rotina acomode, que o medo impe�a de tentar. Desconfie do destino e acredite em voc�. Gaste mais horas realizando que sonhando, fazendo que planejando, vivendo que esperando porque, embora quem quase morre esteja vivo, quem quase vive j‡ morreu.

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