27 maio, 2003

Ow, recebi um e-mail hj muito massa ...
Pois é pois é pois é ..
Na verdade é uma notícia sobre o chaves


Ninguém contava com sua astúcia
Aos 74 anos, com seis filhos e doze netos, o ator e
diretor Roberto Gómez Bolaños, conhecido em mais de 30
países como o personagem Chaves, lança o livro de
poesia 'Y También Poemas', best seller imediato nos
países de língua espanhola. Agora, o autor quer
traduzi-lo para o Português



Chaves sai do barril de madeira onde vive e só vê por
perto Dona Florinda. Kiko, enfezado com tanta
gentalha, se mudou e não fala com ele há mais de 20
anos. Chiquinha brigou, chorou e deixou a vila
cuspindo fogo. Seu Barriga não tem mais de quem cobrar
aluguel desde que Seu Madruga morreu, em 1988, vítima
do mesmo vício que também levou a Bruxa do 71: o fumo.
Mas Dona Florinda está lá, firme, apaixonada e casada
há anos com o garotinho melancólico que cansou de
quebrar suas vidraças.
Seria este o último e mais real episódio do seriado
'Turma do Chaves' se Roberto Gómez Bolaños - diretor,
criador e intérprete do personagem infantil que se
tornou febre de uma inusitada audiência em mais de 30
países - resolvesse escrevê-lo. Aos 74 anos, seis
filhos, doze netos e casado com a atriz Florinda Meza,
a Dona Florinda, Bolaños faz uma demonstração de sua
astúcia quando ninguém parecia mais contar com ela.
Seu livro '...Y También Poemas', uma compilação de
versos que ele escreve há 25 anos, tem esgotado nos
países de língua espanhola. O autor estuda traduzi-lo
para o português de uma forma que não comprometa as
rimas.
Sua vida pode também ir para as páginas. Roberto
Bolaños avisa que pretende contar sua história em uma
cuidadosa autobiografia. "Vou respeitar as pessoas.
Não vou ser cínico", diz, em uma entrevista publicada
na internet.
Fora dos estúdios desde o final dos anos 90 - quando
os seriados deixaram de ser gravados em definitivo,
após a morte de Horácio Bolaños, irmão de Roberto,que
interpretava Godines - o ator virou um produtor em
série de poesia e outros textos.
Dona Florinda Meza é tão apaixonada pelo homem que a
dirigia no seriado que se deu ao trabalho de contar:
em 43 anos escrevendo, dizem seus cálculos, Bolaños
preencheu 63 mil folhas de papel, o que equivale a 2,4
milhões de linhas e 168 milhões de letras. Mas nenhum
desses roteiros chega aos pés de uma vida real que
ultrapassa os limites do dramalhão mexicano. Ou quase
ninguém teve paciência com Roberto Bolaños, ou Roberto
Bolaños não foi seguido pelos bons.
Chiquinha, que fora do seriado é María Antonieta de
Las Nieves, tem 54 anos e uma mágoa no peito quando
lembra de uma briga judicial que segue nos tribunais.
Maria Antonieta registrou em seu nome a personagem
Chiquinha, sem avisar Bolaños. Foi processada e
saiu-se no melhor estilo 'atriz-mexicana-ferida'.
"Estava muito mal, minha netinha estava doente, perdi
as economias de toda a minha vida na bolsa de valores.
E, para completar, sou processada", desabafou.
Sem a ingenuidade de Chaves, Bolaños respondeu às
perguntas feitas pelo JT por e-mail sem poupar Maria
"Chiquinha". "Ela foi minha amiga por muitos anos e eu
havia permitido que usasse a personagem Chiquinha em
todo o mundo, o que deve ter rendido uma fortuna da
qual jamais lhe pedi um centavo. Mas ela quis se
apropriar de maneira ilícita dos direitos. O que mais
me afetou foi a deslealdade, ela traiu minha
confiança."
Triângulo amoroso: Kiko, Chaves e Dona Florinda

Não é oficial, mas comenta-se que foi também por
traição que Carlos Villagrán, o Kiko, passou 20 anos
sem trocar palavras com Bolaños. A pivô da história:
Dona Florinda. Villagrán teve um caso com a atriz
antes de ela se casar com Bolaños. Mas Bolaños, na
época, já gostava de Florinda. A ferida nas três
pontas do triângulo amoroso passaria duas décadas
aberta até que a Televisa, emissora mexicana que
produziu o seriado, promoveu um reencontro para
homenagear Bolaños. Bolaños "Chaves" e Villagrán
"Kiko" apertaram as mãos, se abraçaram, foram para
suas casas e não se falaram mais.
Bolaños, por essas e outras, quer distância da tevê.
"Minha imagem continua muito viva por causa das
incansáveis repetições dos programas. Por isso acho
que este não é um momento para fazer tevê. Respeito
meu público e não quero que ele se canse com tanto
Chaves e Chapolin por toda a parte."
Sua decisão é louvável - mas inútil. Chaves e
Chapolin, no Brasil, seguem dando ao SBT ótimas
audiências e formando uma terceira geração que usa
camiseta vermelha, anteninha amarela e grita "não
contavam com minha astúcia" na sala. "Quem fala que
ele é um idiota não entende a mensagem. Só aprendi
coisas boas", diz Bruno Pires, 18 anos, criador do
site Tributo ao Chaves, que tem cem acessos por dia.
Se ele prefere Chaves ou Chapolin?
"Nenhum dos dois. Seu Madruga é o melhor."

JÚLIO MARIA
Jornal da Tarde

Nenhum comentário: