12 julho, 2002

O Amor Antigo

O amor antigo vive de si mesmo nÃo de cultivo alheio ou de presença.
Nada exige nem pede. Nada espera, mas do destino não nega a sentença.
O amor antigo tem raízes fundas, feitas de sofrimento e de beleza.
Por aquelas mergulha no infinito, e por estas suplanta a natureza.
Se em toda parte o tempo desmorona aquilo que foi grande e deslumbrante, o antigo amor, porém, nunca fenece e a cada dia surge mais amante.
Mais ardente, mas pobre de esperança.
Mais triste? NÃo.
Ele venceu a dor, e resplandece no seu canto obscuro, tanto mais velho quanto mais amor.

Carlos Drummond de Andrade

Nenhum comentário: