24 julho, 2002

VELAS

Existem pessoas que são como velas:
Corpos de parafina,
Não tem nenhum gosto,
Nem vontade própria,
Impermeáveis...
Detém tantas formas:
Esquias e grandes;
Baixas e toscas;
Avermelhadas,
Quando clamam por um amor.
Amareladas,
Quando desejam que a sorte se aproxime.
Negras,
Quando querem afugentar os inimigos.
Moldáveis,
Para satisfazer seus proprietários.
Macias,
Para fazerem frente às intempéries...
São resistentes à algumas quedas,
Mas partem-se quando a altura é grande.
Mas sempre precisam de algo
Ou de alguém para se fixarem em algum lugar.
Não tem vida própria,
Derretendo seus próprios corpos,
Para oferecerem alguma luz.
São colocadas em pires,
Sorvidas com satisfação,
E levadas a qualquer lugar,
Por algum alguém...
Se apagam com facilidade.
O ar é seu algoz:
Um sopro,
Uma pequena lufada,
Ou uma brisa qualquer...
Em seu interior,
Somente um fio de esperança,
Que se esvaiz,
Pouco a pouco,
Queimando penosamente sua energia,
Sofrendo lentamente,
Como se estivesse sendo castigada...
Ilumina alguns ambientes,
Contestados e poucos,
E em outros,
Não se vê diferença com sua presença...
Algumas vezes,
Fica esquecida em algum canto da casa,
Em cima de algum móvel,
Como um bibelô barato,
Sendo tão pouco lembrada,
Que só se dá pela sua falta,
Quando outra luz,
Não está presente...

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