21 novembro, 2002

Excluídos - Barrados no baile
(Mariana Peixoto - De São Paulo *)


mais uma vez a cidade fica de fora do roteiro de uma banda internacional em turnê pelo Brasil. para ver o rush, mineiros terão que ir ao Rio ou São Paulo


Geddy Lee admitiu não ter sido muito esperto ao desconhecer o poder de fogo do Rush no Brasil. Foram dez anos de negociações para que a banda canadense tocasse no País. Não sabíamos que tínhamos tantos fãs , comentou o vocalista, baixista e tecladista na coletiva promovida anteontem na capital paulistana. Fato é que o Rush que toca neste fim de semana (sexta em São Paulo, sábado no Rio), encerrando os shows internacionais de 2002 do projeto Kaiser Music, está num grande momento. Com mais de 30 anos de formação, o grupo está promovendo a turnê de seu mais recente álbum, Vapor Trails. É o primeiro disco de inéditas em seis anos. Com a formação clássica (Neil Peart na bateria, Alex Lifeson na guitarra), o Rush pretende suprir os anos de ausência com um show de três horas de duração.

A primeira pergunta da entrevista girou em torno da ausência de Peart na coletiva. Ele não se sente confortável respondendo a perguntas sobre sua vida pessoal depois do que aconteceu nos últimos anos. Resolvemos poupá-lo , explicou Lee. Não dá para tirar a razão. Há cinco anos a filha do baterista (autor das letras do Rush) morreu num acidente de carro. Menos de um ano depois, a mulher, Jackie, morreu em decorrência de câncer. Foi um processo demorado, muito emocional. Foi bom voltar, acho que ele ficou feliz em participar de uma coisa boa de novo. Devagar voltamos ao grupo que fomos por décadas , acrescentou o vocalista.

O show que será apresentado amanhã e sábado (a estréia em terras brasileiras foi ontem, em Porto Alegre) é o mesmo que o grupo fez nos Estados Unidos (a turnê já conta com 60 apresentações). Superprodução, conta com um cenário que inclui três máquinas de lavar e um telão gigante, que vai exibir desenhos criados para o show. O set list será basicamente o mesmo. Uma exceção será a execução de Closer to the Heart, que a banda resolveu incluir depois que ficou sabendo de sua popularidade no Brasil. São tantos os discos que temos que queremos que o show não seja apenas mais um evento , disse Alex Lifeson.

A discografia do Rush (foram eles que lançaram a idéia de três discos autorais para um ao vivo) abrange 23 álbuns. Geddy Lee afirmou que a banda nunca planejou chegar tão longe. Com Moving Pictures (de 1981) a gente começou a mudar a arquitetura básica. Power Windows (85) alcançamos um outro degrau. Foi a conclusão dos experimentos que começaram com Signals (82). De toda forma, o grupo é conhecido da grande massa, para desgosto dos fanáticos há gente que vai sair de BH para assistir tanto ao show do Rio quanto o de São Paulo , por Tom Sawyer, ou a música do MacGyver, o seriado oitentista que aqui se popularizou com o nome Profissão: Perigo.

Tom Sawyer será uma das primeiras músicas a serem executadas no show. Na seqüência, virão New World Man, Vital Signs, Natural Science, The Rhythm Metod, 2112 e The Spirit of Radio. Não queremos que as pessoas vão embora decepcionadas. Por isto, tentamos cobrir tudo , disse Lifeson. Lee acrescentou ter a turnê Vapor Trails um sabor especial. Principalmente por causa do Neil. Estamos frescos, rejuvenescidos. Esta é uma das razões por estarmos aqui. O vocalista desconhece maiores detalhes sobre o Brasil. Não sabia, inclusive, sobre o problema que envolveu Brasil e Canadá sobre a concorrência no mercado internacional de aviação. Lifeson tentou livrar o amigo. O problema foi avião e carne, não? A banda prefere se abster de assuntos mais polêmicos. Não carregamos a bandeira canadense, não temos a pretensão de falar para as pessoas o que elas devem fazer de suas vidas , concluiu Geddy Lee.





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